Ansiedade: o que fez a doença ser considerada a palavra de 2024
Ansiedade foi eleita a palavra do ano de 2024 em uma pesquisa que buscou desvendar quais termos melhor representaram o estado de espírito dos brasileiros nos últimos 12 meses. A palavra foi mencionada por 22% dos entrevistados, seguida por ‘resiliência’ (21%), ‘inteligência artificial’ (20%), ‘incerteza’ (20%) e ‘extremismo’ (4%).
Como foi a escolha
A escolha seguiu um processo em duas etapas: primeiro, um grupo de especialistas das áreas de comunicação e ciências sociais definiu cinco palavras que capturam as dinâmicas e preocupações de 2024.
Em seguida, essas palavras foram submetidas a uma pesquisa quantitativa com uma amostra representativa da população brasileira, com base nos dados do Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) contínua de 2024. A pesquisa consultou 1.538 brasileiros de todas as regiões do país.
Dados do Google Trends também reforçam a relevância do tema: o Brasil é o segundo país no mundo que mais busca informações sobre ansiedade na internet, ficando atrás apenas da Irlanda. Entre os principais termos pesquisados estão “sintomas de ansiedade” e “como lidar com a ansiedade”.
O que explica
Na opinião do psiquiatra Marcos Estevão, o aumento na busca pela palavra é um reflexo da importância que os brasileiros têm dado ao transtorno, principalmente após a pandemia.
“A ansiedade passou a ser mais discutida nesse mundo moderno pelo valor que tem se dado à saúde mental, e muitos fatores contribuíram para esse tema ficar em voga e ser mais buscado. Acredito que uma delas foi a pandemia de Covid-19. As pessoas tinham muitas dúvidas sobre a vida e a morte, uma incerteza no dia seguinte, uma ansiedade contínua e crescente. Isso fez com que o tema se tornasse preponderante na vida das pessoas.”
Marcos Estevão, psiquiatra.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que no primeiro ano da pandemia de Covid-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%. Ainda conforme a OMS, o país possui a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo.
Cerca de 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica. Em seguida, está o Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%), Nova Zelândia (7,3%) e Austrália (7%). O receio de não conseguir suprir todas as expectativas do trabalho, dos estudos e dos relacionamentos, por exemplo, também tem levado as pessoas a se inteirar sobre o tema, avalia Marcos Estevão.
“As pressões da vida, o medo de não conseguir ser o que as suas expectativas lhe dizem, o que as pessoas esperam, a competição do mundo moderno, os desafios cada vez maiores na sociedade: eu acredito que tudo isso contribui muito para a ansiedade se tornar um assunto de grande importância na atualidade.”
Marcos Estevão, psiquiatra.
A busca por um maior entendimento sobre o assunto, revela a importância da ampliação de um debate público sobre saúde mental.
A escolha da palavra para 2024 destaca o papel crucial de iniciativas que promovam acolhimento, resiliência e soluções estruturais, indo além do reconhecimento do problema para fomentar mudanças práticas que aliviem o peso emocional vivido pela população, destaca a pesquisa.
As palavras de quase uma década
Em sua oitava edição, a pesquisa foi realizada pela CAUSE, em parceria com o Instituto de Pesquisa IDEIA e o PiniOn app. Desde 2017, a pesquisa “Palavra do Ano” busca capturar o espírito do tempo, refletindo os temas que mais mobilizam o Brasil em diferentes períodos históricos.
Em 2023, a palavra escolhida foi “Mudanças Climáticas”, demonstrando a crescente conscientização ambiental. Antes disso, “Corrupção” marcou 2017, no auge da operação Lava Jato; “Mudança”, em 2018, refletiu o impacto das eleições presidenciais; “Dificuldades” destacou os desafios econômicos de 2019; “Luto”, em 2020, traduziu o impacto da pandemia; “Vacina”, em 2021, simbolizou a esperança em meio à crise sanitária; e “Esperança”, em 2022, acompanhou a expectativa de renovação com a eleição de um novo governo.
Peça ajuda
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Fonte:www.primeirapagina.com.br
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